terça-feira, 29 de março de 2016

Nicolau Maquiavel: trechos e conceitos para discussão [FILOSOFIA, 3º ANO].

Por prof. André,


Filosofia

NICOLAU MAQUIAVEL

Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi um importante teórico político italiano. Operou uma profunda mudança no pensamento político ao deslocar a política de um terreno idealista para um terreno mais empírico (embora isso seja questionável, é assim que a tradição crítica costuma apresenta-lo).

Seu nome ficou associado à maldade pelo adjetivo “maquiavélico”. É atribuído a ele a expressão “os fins justificam os meios”, mas a frase não se encontra nesses termos em seus escritos.

Trecho mais próximo (p. 181): “Faça tudo, portanto, um príncipe, para vencer e conservar o estado: os meios serão sempre julgados honrados e por todos serão louvados”.

Seu mais renomado livro, O Príncipe, descreve o que um príncipe deve fazer para chegar e se manter no poder.

Edição: O Príncipe, editora HEDRA, tradução José Antônio Martins, edição bilíngue.

Há dois conceitos-chave que dirigem a busca pelo poder segundo Maquiavel: “fortuna” e “virtú”. A fortuna são as casuidades que podem tanto ajudar quanto atrapalhar o príncipe na sua busca; é o acaso ou a sorte. A “virtú” são as habilidades do príncipe em resolver situações e fazê-las virarem em seu favor, são suas capacidades, méritos e sua força. A virtú pode ser incrementada pela imitação (Lorenzo de Médici). Quanto menos apoiar-se na fortuna, maiores as chances de conservar o poder.

A obra é dedicada a Lorenzo de Médici ou Lorenzo II, Duque de Urbino. Há controvérsia sobre a sinceridade da homenagem.

Trechos, p.99, p. 105.

Para Maquiavel, é preferível ser temido ou ser amado pelo povo? É preferível ser ambos, mas se apenas um for possível, que seja ser temido.

Para Maquiavel, um príncipe deve ou não ser religioso? Pouco importa o que o príncipe genuinamente é, mas ele deve PARECER religioso, isso confere vantagem para governar o povo.

“Aquele que chega ao principado com a ajuda dos grandes, se conserva com mais dificuldade do que aquele que chega com a ajuda do povo” (p. 109). Isso por quê? “Além disso, não se pode, com honestidade, satisfazer os grandes sem injuriar outros, mas ao povo sim: porque o intuito do povo é mais honesto que o dos grandes, querendo estes oprimir e aquele não ser oprimido”.

Ou seja, o povo se contenta com pouco, ao contrário dos grandes, que são “difíceis de manejar”.
Uma evidência textual que corroboraria a tese do “empirismo maquiaveliano”:

“Assim, é necessário aprender a não ser bom, e sê-lo e não sê-lo conforme a necessidade” (p. 159).

“(...) é necessário ser tão prudente que saiba evitar a infâmia” (p. 161)


“Sendo, pois, necessário a um príncipe saber bem usar o animal, deve destes tomar por modelos a raposa e o leão: porque o leão não se defende das armadilhas e a raposa não se defende dos lobos; necessita, pois, ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para amedrontar os lobos: aqueles que são somente leão não entendem nada de Estado” (p. 177).

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