Filosofia
NICOLAU MAQUIAVEL
Nicolau Maquiavel
(1469-1527) foi um importante teórico político italiano. Operou uma profunda
mudança no pensamento político ao deslocar a política de um terreno idealista para
um terreno mais empírico (embora isso seja questionável, é assim que a tradição
crítica costuma apresenta-lo).
Seu nome ficou associado
à maldade pelo adjetivo “maquiavélico”. É atribuído a ele a expressão “os fins
justificam os meios”, mas a frase não se encontra nesses termos em seus escritos.
Trecho mais próximo (p. 181):
“Faça tudo, portanto, um príncipe, para vencer e conservar o estado: os meios
serão sempre julgados honrados e por todos serão louvados”.
Seu mais renomado livro, O Príncipe, descreve o que um
príncipe deve fazer para chegar e se
manter no poder.
Edição:
O Príncipe, editora HEDRA, tradução
José Antônio Martins, edição bilíngue.
Há dois conceitos-chave
que dirigem a busca pelo poder segundo Maquiavel: “fortuna” e “virtú”. A
fortuna são as casuidades que podem tanto ajudar quanto atrapalhar o príncipe
na sua busca; é o acaso ou a sorte. A “virtú” são as habilidades do príncipe em
resolver situações e fazê-las virarem em seu favor, são suas capacidades,
méritos e sua força. A virtú pode ser
incrementada pela imitação (Lorenzo de Médici). Quanto menos apoiar-se na
fortuna, maiores as chances de conservar o poder.
A obra é dedicada a
Lorenzo de Médici ou Lorenzo II, Duque de Urbino. Há controvérsia sobre a
sinceridade da homenagem.
Trechos, p.99, p. 105.
Para Maquiavel, é
preferível ser temido ou ser amado pelo povo? É preferível ser
ambos, mas se apenas um for possível, que seja ser temido.
Para Maquiavel, um
príncipe deve ou não ser religioso? Pouco importa o que o príncipe genuinamente
é, mas ele deve PARECER religioso, isso confere vantagem para governar o povo.
“Aquele que chega ao
principado com a ajuda dos grandes, se conserva com mais dificuldade do que
aquele que chega com a ajuda do povo” (p. 109). Isso por quê? “Além disso, não
se pode, com honestidade, satisfazer os grandes sem injuriar outros, mas ao
povo sim: porque o intuito do povo é mais honesto que o dos grandes, querendo
estes oprimir e aquele não ser oprimido”.
Ou seja, o povo se
contenta com pouco, ao contrário dos grandes, que são “difíceis de manejar”.
Uma evidência textual que
corroboraria a tese do “empirismo maquiaveliano”:
“Assim, é necessário
aprender a não ser bom, e sê-lo e não sê-lo conforme a necessidade” (p. 159).
“(...) é necessário ser
tão prudente que saiba evitar a infâmia” (p. 161)
“Sendo, pois, necessário
a um príncipe saber bem usar o animal, deve destes tomar por modelos a raposa e
o leão: porque o leão não se defende das armadilhas e a raposa não se defende
dos lobos; necessita, pois, ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para
amedrontar os lobos: aqueles que são somente leão não entendem nada de Estado”
(p. 177).
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