José
de Ortega y Gasset – “A Rebelião das Massas” – trechos e pontos para discussão
José
de Ortega Y Gasset (1883-1955) foi um dos principais filósofos do século XX e,
talvez, maior e principal filósofo espanhol. Sua obra, contudo, abrange a
ciência social e a teoria política. “A Rebelião das Massas” é uma de suas
principais obras. A recepção foi variada, entre os marxistas a própria foi tida
como “defesa da ordem burguesa” e como “reacionária”, ou ainda, em resenha na
revista The Communist: “uma apologia do capitalismo e uma condenação do
movimento revolucionário” (p. 93), para a leitura comunista, ainda, “a função
mais significativa do livro é desacreditar as possibilidades e as realizações
culturais do proletariado” (p. 94).
Ortega y Gasset
diagnostica em A Rebelião das Massas (1926) que nossa época é
a época do “homem-massa”. São características do homem-massa: servir-se dos
benefícios da civilização, toma-los por direito e supor que não são resultado
do esforço e criatividade de homens brilhantes, mas coisas que existiram sempre
(o homem massa é “esvaziado de sua própria história”), age à revelia de
qualquer esforço para mantê-los e também adere a um “politicismo”, nas palavras
de Ortega y Gasset: “o politicismo integral, a absorção de todas as coisas e de
todo o homem pelas política, identifica-se com o fenômeno da rebelião das
massas (...). A massa em rebeldia perdeu toda a capacidade de religião e de
conhecimento (...)” [ORTEGA Y GASSET, 1998, p.26]. Para o homem-massa tudo pode
ser reduzido à política, isto é, resolvido e explicado por meio desta e de
nenhum outro meio mais. Compreender isso é essencial para conseguir conceber o
porquê de muitos preferirem depositar sua fé na salvação na política.
Ortega y Gasset
prossegue sua caracterização do homem-massa ao longo da obra e é importante que
seja ressaltado aqui que ele não se refere a classes sociais, mas sim ao “homem
médio” (ORTEGA Y GASSET, 1998, p. 41), ao homem genérico que se colocado numa
multidão em nada se diferencia dos demais porque não apresenta nenhuma
característica individual que o faça se destacar, a despeito disso, para Ortega
y Gasset, o homem-massa orgulha-se de sua posição e deseja impor sua
“vulgaridade” a todos (Cf. Idem, p. 45); em vez de ter vontade de
tornar-se indivíduo, o homem-massa quer massificar a todos.
O
homem-massa ““maltrata e tritura
as instituições onde aqueles direitos são sancionados” (ORTEGA Y GASSET, 1998,
p. 48).
“Nos
motins que a escassez provoca, as massas populares costumam procurar pão, e o
meio que empregam costuma ser destruir as padarias” (Idem, p. 75).
“(...) massas mimadas [que] são
suficientemente pouco inteligentes para julgarem que essa organização material
e social, posta como o ar à sua disposição, é da mesma origem que elas, já que
também não falha, segundo parece, e é quase tão perfeita como a natural”
(ORTEGA Y GASSET, 1998, p. 75).
As massas “como as crianças, querem as
coisas, mas não suas consequências” (p. 49).
“(...) uma casta de homens – os homens-massas rebeldes – que põem em
perigo iminente os próprios princípios a que devem a vida” (p. 70).
Dois traços relevantes do homem-massa: “a livre expressão dos seus
desejos vitais, portanto, da sua pessoa, e a ingratidão radical por tudo quanto
tornou possível a facilidade da sua existência” (p. 74).
“É intelectualmente massa aquele que perante um problema qualquer se
contenta com pensar o que encontra na sua cabeça” (p. 77). O brasileiro e a
“OPINIÃO”.
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