quarta-feira, 6 de abril de 2016

Ortega y Gasset e o homem-massa. Trechos e pontos para discussão. Prof. André. Sociologia (3º ano).


José de Ortega y Gasset – “A Rebelião das Massas” – trechos e pontos para discussão

José de Ortega Y Gasset (1883-1955) foi um dos principais filósofos do século XX e, talvez, maior e principal filósofo espanhol. Sua obra, contudo, abrange a ciência social e a teoria política. “A Rebelião das Massas” é uma de suas principais obras. A recepção foi variada, entre os marxistas a própria foi tida como “defesa da ordem burguesa” e como “reacionária”, ou ainda, em resenha na revista The Communist: “uma apologia do capitalismo e uma condenação do movimento revolucionário” (p. 93), para a leitura comunista, ainda, “a função mais significativa do livro é desacreditar as possibilidades e as realizações culturais do proletariado” (p. 94).

Ortega y Gasset diagnostica em A Rebelião das Massas (1926) que nossa época é a época do “homem-massa”. São características do homem-massa: servir-se dos benefícios da civilização, toma-los por direito e supor que não são resultado do esforço e criatividade de homens brilhantes, mas coisas que existiram sempre (o homem massa é “esvaziado de sua própria história”), age à revelia de qualquer esforço para mantê-los e também adere a um “politicismo”, nas palavras de Ortega y Gasset: “o politicismo integral, a absorção de todas as coisas e de todo o homem pelas política, identifica-se com o fenômeno da rebelião das massas (...). A massa em rebeldia perdeu toda a capacidade de religião e de conhecimento (...)” [ORTEGA Y GASSET, 1998, p.26]. Para o homem-massa tudo pode ser reduzido à política, isto é, resolvido e explicado por meio desta e de nenhum outro meio mais. Compreender isso é essencial para conseguir conceber o porquê de muitos preferirem depositar sua fé na salvação na política.

Ortega y Gasset prossegue sua caracterização do homem-massa ao longo da obra e é importante que seja ressaltado aqui que ele não se refere a classes sociais, mas sim ao “homem médio” (ORTEGA Y GASSET, 1998, p. 41), ao homem genérico que se colocado numa multidão em nada se diferencia dos demais porque não apresenta nenhuma característica individual que o faça se destacar, a despeito disso, para Ortega y Gasset, o homem-massa orgulha-se de sua posição e deseja impor sua “vulgaridade” a todos (Cf. Idem, p. 45); em vez de ter vontade de tornar-se indivíduo, o homem-massa quer massificar a todos.

O homem-massa ““maltrata e tritura as instituições onde aqueles direitos são sancionados” (ORTEGA Y GASSET, 1998, p. 48).

“Nos motins que a escassez provoca, as massas populares costumam procurar pão, e o meio que empregam costuma ser destruir as padarias” (Idem, p. 75). 

“(...) massas mimadas [que] são suficientemente pouco inteligentes para julgarem que essa organização material e social, posta como o ar à sua disposição, é da mesma origem que elas, já que também não falha, segundo parece, e é quase tão perfeita como a natural” (ORTEGA Y GASSET, 1998, p. 75).

As massas “como as crianças, querem as coisas, mas não suas consequências” (p. 49).

“(...) uma casta de homens – os homens-massas rebeldes – que põem em perigo iminente os próprios princípios a que devem a vida” (p. 70).

Dois traços relevantes do homem-massa: “a livre expressão dos seus desejos vitais, portanto, da sua pessoa, e a ingratidão radical por tudo quanto tornou possível a facilidade da sua existência” (p. 74).

“É intelectualmente massa aquele que perante um problema qualquer se contenta com pensar o que encontra na sua cabeça” (p. 77). O brasileiro e a “OPINIÃO”.

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